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CRAVO ABRIL

O 25 de Abril é uma data na história de Portugal. É a vitória da democracia sobre a ditadura do Estado Novo. Hoje vivemos em liberdade de pensamento, mas é necessário responsabilidade e respeito pelos direitos e deveres de cada um de nós.


Breve História

Com a queda da monarquia entre 1910 e 1926 nasce a 1ª Republica. Foi um período bastante agitado no quotidiano do nosso país. Essa situação proporcionou que a 28 de Maio de 1926, os Generais Gomes da Costa e Mendes Cabeçadas, impusessem em Portugal uma ditadura militar a mesma limitou-se a tentar impedir a agitação social. No ano de 1928 tomou posse um Governo do qual fazia parte o ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar. Político de ideias fixas, veio a tornar-se em “senhor absoluto” de Portugal, concretamente, a partir de 1932. Ano em que assumiu o cargo de Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, primeiro-ministro. Formou um regime ditador, foi o período do Estado Novo. Salazar concentrou nas suas mãos todo o poder e proibiu a formação de partidos políticos. Apenas só eram eleitos os Deputados para a Assembleia Nacional, estes por sua vez inscreviam-se na única organização política (União Nacional) que era a organização política permitida Eram tempos difíceis, pois era perigoso falar de política em público. Quem tivesse ideias contrárias às do regime era perseguido, chegando em muitos casos a ser preso pela polícia do Estado, a PIDE – Polícia Internacional de Defesa do Estado. Aos seus agentes chamavam-se “Os Bufas”. Estes denunciavam, os amigos, os vizinhos e até os próprios familiares. A população vivia com medo e calava-se. Os mais audazes enfrentavam o regime. Tiveram consequências negativas, muitos perderam os seus empregos. Estamos no ano de 1958, o General Humberto Delgado concorre às eleições para a presidência República. Candidato da oposição, que teve a coragem de afirmar numa entrevista que se fosse eleito demitia Salazar do poder, onde ficou celebre a frase “Obviamente demito-o”. Consta que chegou a ganhar as eleições, mas mais uma vez a forte arrogância do regime falseou os resultados. Fugiu para o estrangeiro, viria a ser morto em Espanha por agentes da PIDE. 1960-1974 Os militares perante a situação de descontentamento da população portuguesa, num regime de opressão e de censura e na condição beligerante, com as colónias, resolveram que o dia D seria no dia 25 de Abril. É necessário relembrar que a 16 de Março de 1974 deu-se início "Ao golpe das Caldas". Tentativa de golpe de Estado que fracassou, mas foi o ensaio para o 25 de Abril.

No dia 24 de Abril, às 22h55 em ponto, a Rádio Emissores Associados de Lisboa passou a canção “E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, senha que não despertou grande suspeita. Era o sinal combinado, e que significava para estarem prontos. Assim às 24h25, de 25 de Abril, foi a vez de a Rádio Renascença entrar em acção. A nova senha foi a transmissão de “Grândola, Vila Morena” de Zeca Afonso, esta canção não tinha sido proibida pela censura. Da Escola Prática de Cavalaria de Santarém saiu uma coluna militar em direcção a Lisboa. Esta coluna era comandada pelo Salgueiro Maia um dos Capitães de Abril. Estava tudo de tal forma organizado que às 03h00, o grupo que estava encarregue de tomar a RTP teve grande sucesso. Às 04h30 os pontos mais importantes estavam todos controlados inclusive o aeroporto de Lisboa. Os ministros e as autoridades relacionadas com o regime reuniram-se no Ministério do Exército, edifício que ficava no Terreiro do Paço. Através das janelas viam as movimentações de rua. Estavam na expectativa e necessitavam de ajuda das unidades do regime. Para sua protecção fizeram um buraco na parede, fugiram pelas traseiras. O primeiro-ministro Marcello Caetano e membros do Governo refugiaram-se no quartel do Carmo. Os militares revoltosos estavam a ganhar terreno e tudo corria conforme o planeado. A situação estava sob controlo, era uma questão de tempo, a rendição de Marcello Caetano. A notícia espalhou-se rapidamente pela população, que em euforia festejava nas ruas, e distribuíam aos soldados cravos, que colocavam nas armas.


Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade (…)


Texto Carlos Sameiro®

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